Capítulo 1
Sobreviventes
Estava tudo escuro, podia-se ouvir o som de respiração de mais pessoas ao redor, os sons explosíveis afobados que pareciam estar se aproximando cada vez mais, as pessoas que estavam junto comigo, não agiam como pessoas normais, o batimento de seus corações e a respiração, tudo estava calmo, nós agíamos como se nem fossemos humanos. Som de tiros bem próximos, em seguida um feixe de luz nos cegando por um instante, a porta se abriu por completo e vários homens de uniforme armados entraram com as armas apontadas para nós, alguém tomou a iniciativa e disse:
– Nós somos americanos...
Todos os jornais só notificavam a noticia do século – ''Exercito americano resgata 12 sobreviventes do voou 176 e que foram feitos reféns por terroristas na Líbia desde 2016, 10 anos atrás''. Isso mesmo fui feito refém por 10 anos, agora, com 16 anos posso retornar para casa, para o conforto e o amor de minha família, apesar de eu não fazer ideia do que significa a palavra ''amor''. Nós 12, somo todos da mesma idade, estávamos em um ônibus escolar indo para a escola no dia em que desaparecemos. Já estávamos aterrissando, olhei pela janela e vi vários repórteres nos esperando, mais além vi a grande metrópole que Washington, a cidade é tomada por hologramas e telas de projeção, que emitem flashes e fazem barulhos publicitários, com seus automóveis voadores, sim, esse é um futuro onde a tecnologia evoluiu rapidamente graças a... ela. Ela que nos esperava junto com o presidente, vestida em seu terno social branco, com seu cabelo loiro amarrado e olhos azuis, Suzeli Monarca, a líder deles, dos nossos visitantes. A porta se abriu e um por um fomos saindo, o país e o mundo estavam nos assistindo, fui o ultimo a sair, passei pela porta e senti uma rajada de ar, meu corpo virou poeira e voltei ao normal no chão. Suzeli nos abraçou um a um, aquilo foi estranho. O presidente fez um discurso no seu palanque, ela subiu no palanque e disse com uma voz calma e um sorriso estampado:
– Gostaria de agradecer aos soldados que os resgatarem essas pobres crianças e também anunciar que com a nossa ajuda, capturamos todos os responsáveis por esse infeliz incidente que vem atormentando as famílias há 10 anos. E que, com a permissão presidencial, finalmente vou poder cumprir uma promessa que fiz a uma querida amiga, como muitos viram nos noticiários nos últimos dias, os pais de Andrew Castelli, Andrew... – ela me chamou, fui ate ela e fiquei de frente para o mundo. – Sofreram um terrível acidente, um ano depois de nossa chegada, que infelizmente não sobreviveram, Sophie, que era a senadora de Washington, nos recebeu e logo nos tornamos ótimas amigas e em seu leito de morte, ela nunca deixou de acreditar, ela me fez prometer que quando esse dia chegasse, eu cuidaria de Andrew... – ela começou a chorar.
O coração de muitos se comoveram, mas nem todos, havia rebeldes, resistência, eles acreditavam que Suzi e o resto dos alienígenas não vieram em paz. Forças tarefas foram feitas no mundo inteiro para conter os rebeldes.
Nós fomos diagnosticados por psicólogos, depois fomos levados para nossas casas. Suzi, líder dos alienígenas, tinha uma casa em Nova Iorque, no subúrbio, onde era calmo e os carros ainda eram movidos a gasolina. Ela era tipo uma embaixadora, vivia cercada por secretários humanos e alienígenas e pelo seu leal chefe de segurança, também alienígena, Hugo. A casa era impecável e enorme, uma mansão cercada por muros e repleta de seguranças. Nos sentamos no sofá da sala de estar e nos encaramos por um tempo ate que ela abriu a boca e disse:
– Amanhã você já começa na escola, aja normalmente, procure se enturmar...
– Como desejas... – respondi indiferente.
Desde daquele dia, não sou capaz de mostrar emoções, não sou capaz de sentir nada, tudo aquilo que nos tornam humanos, as emoções, eu as perdi. Meu olhar é frio e calculista, permaneço calmo ate mesmo sob tortura, posso ter algum membro decepado, posso sentir a pior das dores, aceitarei com prazer, mas nunca irão testemunhar uma lagrima escorrer de meus olhos, pois assim fui criado. Fui criado apenas para servir, sem criticar, sem hesitar, cumprir as ordens e nada mais.
– Iremos nos ver apenas algumas vezes ao mês, pois irei passar a maior parte em Washington...
Me levantei indiferente e disse:
– Posso ir para o meu quarto?
– Claro, Adelinda...
Me retirei da sala, Adelinda, a governanta me guiou ate o quarto. Me lancei na cama e dormi ate às 6 da manhã, fui ate o banheiro e me arrumei. Sou um jovem de 16 anos que parece ter 21, meus olhos são castanhos esverdeados, meu cabelo é loiro e gosto de deixa-lo bagunçado, talvez deixa-lo assim me deixe mais humano. Desci, Suzi já havia saído, pegou uma nave espacial para Washington, tomei café, peguei a mochila e entrei na limusine que me levou ate a Cidadela, é o nome dado ao centro das grandes metrópoles, onde os automóveis voam. Lá, outro motorista me levou em um carro voador ate a escola entre os arranha-céus. Era uma escola de aparência normal repleta de tecnologia, os armários tinha painéis holográficos para se digitar a senha, lixeiras que desintegravam o lixo e tudo mais, tudo ligado a rede virtual. Conforme andava pelos corredores, os olhares e os cochichos sob mim eram de certa forma frustrante, a única coisa a se fazer era me desligar, simplesmente ignorei tudo. Sentei em meu lugar na sala e lá fiquei ate o sinal tocar para trocar de aula.
O sinal tocou, hora do intervalo, fui ate o meu armário, digitei a senha no painel que recebi na secretaria, guardei minha mochila e caminhei em direção ao refeitório. Em uma intercessão de corredores testemunhei uma discussão de namorados.
– Então quer dizer que, você estava pensando em mim quando sua língua estava na boca daquela vadia? – ela estava frustrada, mas não parecia estar realmente irritada, ate parecia estar aliviada.
– Sim... – o idiota respondeu. – Quer dizer, não...!
– Chega, eu não nasci para ser chifrada...
– O que você quer dizer com isso? – ele perguntou.
– Quero dizer que esta acabado entre nós, infeliz...
Ela fechou a porta do armário e se retirou. Enquanto se distanciava dele, ela me viu os olhando enquanto atravessava o corredor e algo estranho aconteceu, eu simplesmente... Sorri. Entrei no refeitório, peguei uma bandeja.
– O que foi aquilo? – perguntei a mim mesmo.
Sentei-me em uma mesa sozinho e comecei a comer o x-Burger e a tomar refrigerante. Em um relance, notei a presença dela entrando no refeitório, algo aconteceu novamente dentro de mim, meu coração começou a acelerar, aquilo não era normal. Com a bandeja na mão andando em direção a alguma mesa, olhou novamente para mim, meu corpo agiu sozinho, meus olhos se encontraram com os dela, o que essa menina estava fazendo comigo? Seus olhos verdes, pele clara e macia, cabelo moreno e leve como o vento. Me levantei e sai rapidamente do refeitório.
– Senhor, temos um problema... – disse Shiro em frente a um computador holográfico em uma sala de comando alienígena.
– O que foi? – perguntou o capitão Byro.
– Um dos Alfa esta mostrando irregularidades...
– Qual?
– O 012... codinome, Andrew Castelli...
– Qual o problema? – perguntou Suzeli entrando a sala.
– O 012 esta mostrando irregularidades...
– Mostre-me...
Shiro mostrou em uma tela holográfica para a sala toda.
– Os batimentos cardíacos aumentaram... – disse Shiro mostrando o ritmo cardíaco de Andrew.
– Mostre-me a causa... – disse Suzeli.
– Acessando arquivos de memória... – disse Shiro. – E... Aí esta...!
Através do campo de visão de Andrew, eles observaram o que aconteceu. Andrew fechou o armário e começou a andar ate chegar entre a intercessão dos corredores, ouvi vozes de discussão, virou o rosto e testemunhou a cena dos namorados.
– E... É... Bem... aqui! – disse Shiro no momento em que Andrew vê a menina e sorri.
– Mas é claro, sempre tem uma garota envolvida... – disse Suzeli. – Eu quero a causa do problema resolvido, mande um beta...
Continua...
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